domingo, 24 de janeiro de 2010

A "pré-bossa nova" de Dick Farney

A "pré-Bossa Nova" de Dick Farney

Dick Farney - Nick Bar


Dick Farney - Copacabana





Reza a lenda" que João Gilberto admirava muito a respiração de Dick Farney, que já cantava uma espécie de "pré-bossa nova". E, mesmo fumando dois maços de cigarros por dia, tinha uma técnica muito especial, em termos de respiração. Sinatra, claro, era o guru maior. Ensinou ao mestre que ensinou ao professor. Talvez João Gilberto nem soubesse que Sinatra era mestre em respiração. Seus mestres eram mesmo os yogues indianos. O baiano era muito estranho!
Com o nome de Farnésio Dutra cantor algum conseguiria ser conhecido, mesmo com o enorme charme que encantava as meninas, à época da Segunda Guerra Mundial.

Assim, um rapaz de 24 anos tornou-se Dick Farney - charme, voz, elegância, bom gosto "pra dar vender", como se dizia. Esbanjava talento no Cassino da Urca, no tempo em que o jogo era permitido. Ele tinha gravado "Copacabana", pela Continental, em 1942, de  João de Barro, o nosso querido "Braguinha". Sucesso absoluto que ouve-se até hoje, nas rádios de bom gosto.
Mas Dick queria mais, muito mais. Seu "papa" era Frank Sinatra, "The Voice". Nele se inspirava para cantar, gesticular, andar no palco, estar sempre de gravata e cabelo bem penteado. Já o chamavam de "O Sinatra Brasileiro" e havia até um Fan Clube, de carteirinha e tudo: "Sinatra-Farney Fan Club".

Aos vinte e cinco anos foi para os Estados Unidos para tentar cantar e gravar em inglês, levando um contrato inicial de cinqüenta e duas semanas com a Cadeia de Radio NBC. E não é que deu certo? Gravou um grande sucesso da época: "Tenderly". Nos dois anos seguintes a Continental lançou outros sucessos, clássicos como "Ser ou não ser", "Marina" e "Esquece".
Eram os anos 1947 e 1948, quando voltou para o Brasil - não sem antes ser elogiado pessoalmente pelo maior cantor do século: Francis Albert Sinatra. Como escreveu Ruy Castro, em relação a Frank Sinatra, ouso repetir a frase com relação a Dick Farney: "Não creio que o século vinte tenha fundos para resgatar sua dívida emocional para com Dick Farney". Ele emocionou milhões de corações com "Somos Dois", "Marina", "Copacabana", "Nick Bar", "Aeromoça", "Não tem Solução", "A saudade mata a gente", "Tereza da Praia", "Uma loira", "Um Cantinho e Você" e tantas outras belezas!

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